
"Escrevo-te
olhando a rua e tomando um café junto a ti.
Passa gente que não me vê.
Não importam os rostos. Importa sim, o movimento das ruas que sigo com o olhar através da janela que me separa do mundo.
O homem que me serve, conhece-me de vir cá todos os dias contigo.
Já conhece o meu rosto mas parece não te conhecer.
Talvez seja de vires mais tarde.
Quase quando estou a sair.
Hoje escrevo-te para te dizer que te esperarei amanhã.
Também amanhã, como hoje.
No mesmo lugar, na mesma mesa, no mesmo café, como sempre, eu, vestida com o cinzento casaco que não me larga e de rosto sombrio que me habita.
Espero-te." :')