quinta-feira, 17 de abril de 2008

Carta a ti, solidão.


"Escrevo-te
olhando a rua e tomando um café junto a ti.

Passa gente que não me vê.

Não importam os rostos. Importa sim, o movimento das ruas que sigo com o olhar através da janela que me separa do mundo.

O homem que me serve, conhece-me de vir cá todos os dias contigo.

Já conhece o meu rosto mas parece não te conhecer.

Talvez seja de vires mais tarde.
Quase quando estou a sair.

Hoje escrevo-te para te dizer que te esperarei amanhã.

Também amanhã, como hoje.

No mesmo lugar, na mesma mesa, no mesmo café, como sempre, eu, vestida com o cinzento casaco que não me larga e de rosto sombrio que me habita.

Espero-te." :')